sábado, abril 25, 2009

Para ela, um beijo tinha que conter uma significativa porção de ilusão (eu chamo-lhe “mentira”). Por isso, sentiu-se como que defraudada quando a beijei pela primeira vez; e nas vezes seguintes esse sentimento permaneceu. Nunca mo disse; eu adivinhei-o facilmente; já o tinha previsto, aliás. A sinceridade, por mais que esteja carregada de emoção, nunca pode ter êxito quando dirigida a alguém que persiste numa tentativa de alienação da realidade para entrar num mundo inexistente; um mundo encantado feito de sonhos e ilusões. Quanto a mim, continuo a preferir o mundo (e o amor) como ele é: desencantado, real, ambíguo, antinómico, assimétrico, inconstante, mas autêntico. Ou então, se calhar, como já alguém me tinha dito (ou acusado), sou eu que sou frio.

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