sábado, abril 25, 2009

O louco ou a máscara

Duvidas que aquele homem seja realmente um louco. Aproxima-te dele e simula um gesto de agressão. Se tiver uma reacção defensiva, desmascaraste um fingidor.

Manual para bestas (1)

O homem de quem te queres vingar encontra-se naquela cidade. Não entres à sua procura. Cerca a cidade, envenena todos os rios que a atravessam, assalta todas as caravanas que a abastecem e liberta-as para seguirem o seu caminho quando todos os alimentos estiverem envenenados. Depois, espera pelo tempo seco e incendeia-a. Tens de ficar a observar à distância, de um local que permita ao teu olhar avistar todas as fronteiras da cidade, para te certificares de quem não escapa ninguém. Não podes falhar.
Uma revolução traz símbolos novos que substituem os anteriores mas que rapidamente são absorvidos por um sistema de mercado que os utiliza em seu proveito, até que já não sejam rentáveis. Chega então o momento de fazer uma outra revolução. As revoluções são boas para o mercado: refrescam-no, renovam-no, dão-lhe a dinâmica de que precisa para se manter vivo.
Uma revolução pode ser o pretexto de alguns para satisfazerem os seus instintos sanguinários.
Pode defeito meu, mas fico sempre desconfiado quando ouço falar de uniformização em democracia.
Para ela, um beijo tinha que conter uma significativa porção de ilusão (eu chamo-lhe “mentira”). Por isso, sentiu-se como que defraudada quando a beijei pela primeira vez; e nas vezes seguintes esse sentimento permaneceu. Nunca mo disse; eu adivinhei-o facilmente; já o tinha previsto, aliás. A sinceridade, por mais que esteja carregada de emoção, nunca pode ter êxito quando dirigida a alguém que persiste numa tentativa de alienação da realidade para entrar num mundo inexistente; um mundo encantado feito de sonhos e ilusões. Quanto a mim, continuo a preferir o mundo (e o amor) como ele é: desencantado, real, ambíguo, antinómico, assimétrico, inconstante, mas autêntico. Ou então, se calhar, como já alguém me tinha dito (ou acusado), sou eu que sou frio.

domingo, abril 19, 2009

Ela entregava-se de tal maneira às emoções que, no trânsito, quando lhe cediam prioridade, comovia-se até às lágrimas.